Na contramão das estatísticas, Eni ficou grávida sem maiores sobressaltos. Engravidou três meses depois de interromper o método contraceptivo que usava. E sua gestação foi tranqüila, sem problemas geralmente freqüentes nas futuras mamães da sua faixa etária, como hipertensão arterial e diabete gestacional. Por fim, a veterinária de São Paulo deu à luz a seu bebê de parto normal, do jeitinho que queria.
Claire nasceu perfeita, depois de 41 semanas de gravidez. “Tomei cuidado apenas com a alimentação. Não comia enlatados e embutidos, que têm grande concentração de sódio, por causa do risco de ocorrência de hipertensão. Também maneirei com o açúcar, para não desenvolver diabete”, relata a mãe de primeira viagem. Embora cada caso seja único, é verdade que, da concepção ao nascimento, o quadro esperado para uma gravidez tardia é um pouco mais difícil.
Além do fato de haver uma menor probabilidade de conseguir gerar um embrião – seja com ou sem ajuda da medicina reprodutiva –, o índice de aborto por causas naturais também sobe, assim como o risco de complicações para a gestante. “Para ter uma idéia, um terço das gestações após os 40 anos termina abortamento espontâneo. Aos 45, a capacidade reprodutiva cai de 50% a 95%, e a incidência de aborto natural chega a mais de 50%”, aponta Eduardo Motta.
Ultrapassada a barreira da concepção, a grávida mais madura precisa de zelo redobrado. “A gestação em pacientes acima dos 35 anos é considerada de risco e exige um pré-natal muito rigoroso”, diz Antônio Júlio de Sales Barbosa, médico obstetra do Hospital Santa Catarina, de São Paulo. “São necessários alguns exames a mais visando prevenir ou amenizar alguma irregularidade.
As consultas também exigem um olhar mais antento.” Segundo o médico, além da maior pré-disposição para ter pressão alta e diabete, há ainda riscos como sangramentos e parto prematuro. Sem falar em alterações circulatórias, que favorecem o nascimento de bebês abaixo do peso.